Meninos lisos laranjinhas
A história do futsal na Nova Geração se entrelaça com a própria criação do projeto, sendo este o desporto mais apreciado entre os alunos.
As aulas se iniciaram no ano de 2012 com o professor Jairo Alencar. Na época, os próprios alunos escolheram o nome do projeto, carinhosamente apelidado por eles como “NG”, mais tarde se tornando “família NG” devido ao sentimento de pertença, sentimento esse que pode ser observado em todas as modalidades esportivas do João Paulo II. O professor Jairo foi extremamente importante para o início das atividades de futsal, dividindo as turmas por faixa etária, ministrando as primeiras aulas, ensinando os primeiros fundamentos para os alunos do projeto.
Ainda no seu primeiro ano de existência, o futsal da Nova Geração participou de duas competições, o Futcup para nível de experiência, e a Taça Gabriel, realizada na Igreja Católica Jesus Cristo Ressuscitado. Nessa Copa, o time alcançou a posição de vice-campeão da competição em um jogo emocionante: o placar estava 4×0 para o time adversário, equipe esta que era muito forte, pois possuía muitos jogadores das categorias de base do Esporte Clube Vitória, mas os meninos demonstraram grande poder de reação empatando a partida e levando jogo para a disputa de pênaltis.
O professor Jairo se despediu do projeto no ano de 2013. Em uma entrevista recente, quando perguntado sobre sua experiência no projeto ele diz:
“Muito feliz por ter contribuído no projeto, foi uma experiência gratificante tanto sobre o ponto de vista profissional e principalmente no pessoal, fiz bons amigos na região, agradeço sempre a oportunidade e confiança das pessoas que estão à frente da escola e do projeto pela oportunidade. Apesar de não estar mais envolvido, desejo sempre que todas as propostas para o desenvolvimento do projeto sejam bem sucedidas. Agradeço a Deus a oportunidade de poder dar uma parcela de contribuição do meu conhecimento para os jovens e crianças da comunidade”.
2015
No ano de 2015, o professor André Borges assumiu as turmas de futsal. Com a dinâmica de trabalho praticada, os alunos conseguiram tomar maior consciência tática do jogo de futsal. A equipe participou novamente da Taça Gabriel sendo que dessa vez consagrou-se campeã e também de competições escolares como o JOCOPPAR, na categoria pé de moleque alcançando o vice-campeonato, sendo este um ano muito importante para o projeto. Pela primeira vez um jogador da Nova Geração, Igor Correia, recebeu o título de melhor jogador do Campeonato na categoria under 14.
2016
Em 2016, manteve-se a participação em competições (JOCOPPAR e Taça Gabriel) e a Nova Geração estreou no FEEPS que também é uma competição escolar. O professor André conseguiu que a equipe de futsal fosse favorita nas competições, alcançando o terceiro lugar com a equipe infantil no JOCOPPAR, tendo como premiação individual de novo um aluno do Nova Geração, Adriano Alenito, eleito o melhor jogador do campeonato.
Ainda em 2016, o Nova Geração decidiu ser anfitrião de um evento esportivo chamado Festival Esportivo do Subúrbio, aberto à participação de escolas particulares, públicas, escolinhas e projetos sociais. Neste primeiro ano, o futsal chegou ao título de campeão na categoria juvenil, infantil e mirim e foi vice-campeão na categoria pré-mirim. Foi perceptível nos meninos ao longo do ano a criação do sentimento de autovalorização, evidenciando o pensamento crítico e o protagonismo individual de suas respectivas trajetórias.
2017
Enquanto que professor André foi se especializando no Handebol, o professor Augusto Neto foi convidado para assumir as turmas de futsal, ficando no cargo por um ano. Augusto desempenhou um trabalho de bastante notoriedade, sobretudo no aspecto socioemocional e tático. Participou, além das citadas competições escolares, do campeonato da Federação Baiana Escolar de futsal, tendo conquistado títulos expressivos; no JOCOPPAR, na categoria mirim, fez uma campanha impecável tendo chegado invicto até a final, onde disputou um jogo de alto nível técnico ficando com o vice-campeonato e melhor jogador da competição, Diego Andrade.
A equipe pé de moleque chegou à quarta colocação ainda no JOCOPPAR, um fato surpreendente visto que era a primeira competição da vida de alguns alunos. No baiano escolar, a equipe juvenil chegou ao vice-campeonato, inclusive, na fase de grupos, realizou o maior placar da sua história:, umagoleada de 13×0 sobre a equipe adversária. No Festival Esportivo do Subúrbio, II edição, os resultados continuaram proveitosos, sendo vice-campeão pé de moleque, vice-campeão pré-mirim, campeão mirim invicto e campeão infantil.
“Gostei muito de ter trabalhado no Nova Geração, da relação com os meninos, das amizades que foram feitas, sinto muitas saudades”.
NETO, Professor Augusto
2018
No início de 2018, o futsal do Nova Geração foi ministrado pelo professor Daniel Souza, que sempre mostrou grande satisfação por toda a estrutura que era oferecida durante as aulas, permanecendo no cargo por dois anos.
Entre as competições, destaca-se a primeira competição regional, a Taça Cidade de Aracaju, onde o Nova Geração, na categoria infantil no seu ano de estreia chegou à final conquistando a segunda colocação. No FEEPS, na categoria Juvenil, conquistou o terceiro lugar.
Entre os muitos jogos eletrizantes, taticamente bem organizados e de bom nível técnico, ressalta-se a final do Festival Esportivo do Subúrbio, IV edição, na categoria infantil. Foi um jogo antológico, em que a equipe adversária nos primeiros cinco minutos de jogo estava vencendo por 2×0; ainda no primeiro tempo, o Nova Geração conseguiu o primeiro gol, e empatou a partida no segundo tempo levando o jogo para a prorrogação e de forma épica, com gol de Fábio Felipe, o time chegou à vitória. Dentre as muitas características a respeito do excelente trabalho desempenhado pelo professor Daniel ressalta-se o crescimento técnico e maior compreensão sobre tática individual. Acima de tudo, ficam os laços afetivos criados entre professor e alunos e colegas de trabalho.
Depoimento pessoal do professor Daniel Souza:
“Lugar onde eu cresci profissionalmente, tendo possibilidade de trabalhar com gestores extremamente competentes e usufruindo de uma estrutura diferenciada no âmbito educacional em Salvador”.
DEPOIMENTO PROFISSIONAL/PESSOAL
Fui aluno da ONG durante muitos anos e já tenho alguns bons anos na instituição, entre estágios e trabalho efetivo como professor das turmas de futsal. Além disso, sou morador da comunidade e testifico a relevância do Centro Educativo João Paulo II. Coloco boa parte do mérito da minha graduação como professor de Educação Física nos conhecimentos culturais e acadêmicos que obtive enquanto aluno e atualmente meu principal objetivo, enquanto profissional, é impactar positivamente os alunos do Nova Geração.
A coordenação, em relação às atividades esportivas, sempre as tratou com muita seriedade e esmero, de modo que a vida dos jovens da comunidade venha a ser atingida de forma relevante. A instituição me oportunizou trabalhar com grandes profissionais e estes foram muito generosos para comigo na transmissão de conhecimento técnico da modalidade e na troca de experiências da vida profissional; a estes sou imensamente grato.
Já vi muitas vitórias e algumas derrotas pelo futsal do Nova Geração e isso é tudo muito natural em uma equipe, mas o que os meninos lisos laranjinhas têm de diferente é que eles não jogam por um jogo e os treinos não são só para alcançar as vitórias dentro das quadras: eles jogam porque amam o esporte, jogam sonhando com vidas melhores para suas famílias, jogam porque são os únicos pretos muitas vezes nas quadras, jogam porque são os únicos representantes dos bairros periféricos nas competições, jogam porque o jogo os faz esquecer que a realidade social entre eles e seus adversários é alarmante, ainda assim são cordiais, jogam com garra, técnica e alegria. E esse jogo é o que eu gosto de jogar e é por isso que esse time é o meu time.
Para mim, como para todos os professores que passaram pelo João Paulo II, é unânime o quanto é verdade que o Nova Geração é mais que um time, é uma família.
LÁZARO COUTINHO
Conhecido carinhosamente por todos como “Pekeno”, está no projeto desde a sua fundação, participando ativamente das aulas, jogos, competições e toda e qualquer dinâmica que envolve o projeto.
Na sua trajetória até aqui, ele vem desempenhando um papel considerado por todos como indispensável, sendo chamado até de “alma da Nova Geração”. É visto pelos alunos de todas as modalidades esportivas com grande admiração, por muitos até como uma figura paterna, é morador da comunidade e não seria exagero defini-lo como a personificação do que seria a “família Nova Geração”.